O que é Depressão?

 

Giovani Missio

 

Todo mundo se sente triste ou angustiado algumas vezes na vida, entretanto, esses sentimentos geralmente desaparecem depois de alguns de dias e não costumam causar incapacidades nas atividades habituais. A tristeza é uma reação normal aos desafios da vida, contratempos e decepções. Muitas pessoas usam de maneira errada a palavra "depressão" para explicar estes tipos de sentimentos mas a depressão é muito mais do que tristeza.

 

Quando alguém tem depressão, o vazio e o desespero tomam conta da vida, interferem nas atividades cotidianas e quase não desaparecem. Independentemente dos sintomas, a depressão é diferente da tristeza normal, pois ela engole o dia-a-dia, interferindo com a capacidade para trabalhar, estudar, comer, dormir e se divertir. Os sentimentos de desamparo, desesperança e inutilidade são intensas e implacável, com alívio (quando acontece) apenas por curtos periodos de tempo. Os amigos e as atividades agradáveis deixam de ser interessantes e deixam de causar prazer. A depressão é uma doença comum, e pode ser muito grave.
 
Muitas pessoas com depressão deixam de procurar tratamento adequado. A maioria, mesmo aqueles com a depressão mais grave, podem ficar melhor com o tratamento. Medicamentos, psicoterapias, e outros métodos tratam de maneira efetiva e fazem com que as pessoas rapidamente recuperem sua vida.

 

 

SINAIS DE DEPRESSÃO

 

  • Sentimentos de desamparo e desesperança. Uma perspectiva sombria, de que nada dará certo e que e não há nada que possa ser feito para melhorar a situação.

  • Perda de interesse em atividades diárias. A pessoa perde o interesse em atividades que costumava gostar como o trabalho, passatempos, atividades sociais, ou sexo. Perde-se a capacidade de sentir alegria e prazer.

  • Alterações do apetite ou peso. Perda significativa de peso ou ganho de peso maior que 5% do peso corporal em um mês.

  • Alterações do sono. Insônia, especialmente acordar nas primeiras horas da manhã, ou dormir demais.

  • Raiva ou irritabilidade. Sentir-se agitado, inquieto, ou até mesmo violento. A paciência ou o nível de tolerância fica baixo.

  • Perda de energia. Sente-se cansado, lento, e fisicamente esgotado. Pode sentir o corpo todo pesado, e mesmo as pequenas tarefas exigem esforço extra além de demorar mais para concluir.

  • Auto-aversão. Fortes sentimentos de inutilidade ou culpa. A pessoa deprimida critica-se severamente por falhas e erros passados ou atuais.

  • Comportamento imprudente. Você se envolver em comportamento escapista, como abuso de drogas, jogo compulsivo, condução imprudente, ou esportes perigosos.

  • Problemas de concentração. Dificuldade para se concentrar que deficultam para ler, tomar decisões, ou lembrar das coisas.

  • Dores difusas e inexplicáveis. Um aumento das queixas físicas, como dores de cabeça, dor nas costas, dores musculares e dor de estômago.

 

 

CONSEQUÊNCIAS

 

A depressão é uma das maiores causas de afastamento do trabalho em todo o mundo. No Brasil o INSS gasta por ano R$ 458 milhões com o benefício à pessoas com depressão que encontram dificuldade para realizar suas atividades habituais. Além da incapacidade ocupacional que prejudica o progresso profissional do paciente, a depressão está na raiz de inúmeros problemas de relacionamento. A dificuldade em sentir prazer, a irritabilidade e o humor deprimido ocasionados pela depressão levam a um distanciamento afetivo nas relações que quando dura muito tempo pode terminar no rompimento destes laços afetivos.

 

 

DEPRESSÃO E SUICIDIO

 

A depressão é um importante fator de risco para o suicídio. O profundo desespero e desesperança que vem junto com a depressão podem fazer a pessoa imaginar o suicidio como a única maneira de escapar da dor e do sofrimento. Pensamentos de morte ou suicídio são sintomas que indicam maior gravidade da depressão. Nem todas as pessoas que ameaçam ou falam sobre suicidio acabam efetivamente cometendo. Porém todas as pessoas que cometeram, em algum momento demonstraram para alguém a idéia de morrer. Desta forma todo comportamento suicida deve ser levado à sério. Não é apenas um sinal de alerta que a pessoa está pensando em suicídio: é um grito desesperado de socorro.

 

 

AS DIFERENTES FACES DA DEPRESSÃO

 

Depressão muitas vezes parece diferente em homens, mulheres, jovens e adultos mais velhos. Ter consciência e conhecimento dessas diferenças ajuda a garantir que o problema seja reconhecido e tratado adequadamente.

 

 

DEPRESSÃO NOS HOMENS

 

Depressão é uma palavra carregada em nossa cultura. Muitos associam esta palavra de forma errada, como um sinal de fraqueza e emoção excessiva. Isto é especialmente verdade com os homens. Homens deprimidos são menos propensos que mulheres a reconhecer os sentimentos de culpa e desesperança. Em vez disso, eles tendem a queixar-se de fadiga, irritabilidade, problemas de sono e perda de interesse no trabalho e hobbies. Outros sinais e sintomas de depressão em homens incluem raiva, agressão, violência, comportamento imprudente e abuso de substâncias. Mesmo que as taxas de depressão para as mulheres sejam duas vezes mais elevados que os dos homens, os homens tem um maior risco de suicídio, especialmente os homens mais velhos.

 

 

DEPRESSÃO NAS MULHERES

 

Depressão é mais comum entre mulheres do que entre os homens. As alterações biológicas, o ciclo de vida, as flutuações hormonais e fatores psicossociais que as mulheres vivem podem estar relacionado às taxas maiores de depressão. As pesquisas mostrarm que os hormônios afetam diretamente a química do cérebro que controla as emoções e o humor. Por exemplo, as mulheres são especialmente vulneráveis ao desenvolvimento de depressão logo após dar a luz. Neste momento a combinação de alterações hormonais, físicas e psicológicas decorrentes da nova responsabilidade pode ser esmagadora.
 
Algumas mulheres também podem ter uma forma grave de síndrome pré-menstrual (TPM) chamado Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. TDPM é associado com as mudanças hormonais que ocorrem normalmente em torno da ovulação e antes da menstruação começar.
 

Também e principalmente na transição para a menopausa, as mulheres experimentam um aumento do risco para a depressão. Além disso, a osteoporose que enfraquece os ossos ou a perda pode estar associada com a depressão. A queda do estrogênio e dos outros hormônios podem explicar estas alterações.

 

 

DEPRESSÃO EM IDOSOS E ADULTOS MAIS VELHOS

 

A depressão não é uma parte normal do envelhecimento. Estudos mostram que a maioria dos idosos se sentem satisfeitos com suas vidas, apesar de ter mais doenças e problemas físicos. No entanto, a depressão nos adultos mais velhos é frequentemente negligenciada, pois os idosos tem sintoma menos óbvios. Eles podem ser menos propensos a sentir ou admitir sentimentos de tristeza.
 
Às vezes pode ser difícil distinguir tristeza de depressão maior. As perdas de pessoas queridas são comuns entre os adultos mais velhos e a tristeza após a perda de um ente querido é uma reação normal. No entanto, mesmo a a tristeza que dura por muito tempo e dificulta as atividades após uma perda pode requerer tratamento.

 
Adultos mais velhos tem também mais condições médicas gerais, como doença cardíaca, derrame ou câncer, que podem causar sintomas depressivos. Além disto, muitos medicamentos para tratar outras doenças podem ter sintomas depressivos como efeito colateral.

 

Alguns adultos mais velhos podem experimentar o que os médicos chamam de depressão vascular, também chamada de depressão ou depressão isquêmica arteriosclerótica subcortical. Este é um quadro que acontece quando os vasos sanguíneos tornam-se menos flexíveis e endurecem ao longo do tempo. O endurecimento destes vasos impede o fluxo normal do sangue para os órgãos do corpo, incluindo o cérebro. Aqueles com depressão vascular estao em risco aumentado também de doença cardíaca.

 
A maioria dos adultos mais velhos com depressão melhoram quando recebem tratamento com psicoterapia, antidepressivo, ou uma combinação de ambos.

 

 

DEPRESSÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

 

Crianças que desenvolvem depressão muitas vezes continuam a ter episódios na idade adulta. Além disto, são mais propensos a ter outras doenças mais graves.

 
Uma criança com depressão pode fingir estar doente, se recusar a ir para a escola, se apegar demais a um dos pais ou se preocupar exageradamente que algum deles possa morrer. Os adolescentes com depressão podem ter problemas na escola por não participar, por serem agressivos, negativas e irritáveis e frequentemente se sentem incompreendidas. Por estes sinais serem muito parecidos com as mudanças de humor típicas de adolescentes através dos estágios de desenvolvimento, pode ser difícil de diagnosticar com precisão uma pessoa jovem com depressão.
 
Antes da puberdade, os meninos e meninas têm a mesma probabilidade de desenvolver depressão. Aos 15 anos, no entanto, as meninas são duas vezes mais propensas a ter um episódio depressivo que os rapazes.

 
Depressão durante a adolescência vem em um momento de grandes mudanças pessoais, quando meninos e meninas estão formando uma identidade que muitas vezes diverge da desejada por seus pais. Depressão na adolescência freqüentemente ocorre junto com outras doenças, como ansiedade, distúrbios alimentares ou abuso de substâncias.

 

 

TIPOS DE DEPRESSÃO

 

A depressão enquanto doença no modelo médico é caracterizada por um conjunto que vários sintomas que podem se arranjar em diferentes combinações. Ela será classificada e tratada de acordo com a maneira como se combinam os sintomas. Saber que tipo de depressão tem também pode ajudar a gerenciar os seus sintomas e obter o tratamento mais eficaz.

 

Depressão maior
A depressão maIor é caracterizada pela incapacidade de aproveitar a vida e sentir prazer. Os sintomas são constantes, variando de moderados a graves. Se não tratada o episódio depressivo maior geralmente dura cerca de seis meses podendo deixar sintomas residuais após este periodo. Algumas pessoas experimentam apenas um episódio depressivo único em sua vida, mas mais geralmente, a depressão maior é uma doença recorrente. Existem no entando muitas coisas que você pode fazer para apoiar o seu humor e reduzir o risco de recorrência.

 

Depressão atípica
Depressão atípica é um subtipo comum de depressão maior. Ele apresenta um padrão de sintomas específicos, incluindo uma reatividade do humor em resposta a acontecimentos positivos. No entanto, este impulso no humor é passageiro. Outros sintomas da depressão atípica incluem ganho de peso importante, aumento do apetite, sono em excesso, uma sensação de peso nos braços e pernas, e sensibilidade à rejeição. Depressão atípica responde melhor algumas terapias e medicamentos do que outros.

 

Distimia (depressão crônica, leve)
Distimia é um tipo de depressão leve e crônica, ou um "baixo grau permanente" de depressão. Os sintomas da distimia não são tão fortes como os sintomas de depressão maior, mas duram muito tempo (pelo menos dois anos). Estes sintomas crônicos tornam muito difícil viver a vida ao máximo porém não prejudicam o funcionamento de maneira tão importante como a depressão maior. Algumas pessoas têm episódios depressivos maiores em cima da distimia, uma condição conhecida como "depressão dupla". A distimia pode ser um consequencia de episódios depressivos maiores não tratados adequadamente outras vezes o paciente pode sentir como se sempre tivesse sentido-se deprimido. Ou você pode pensar que seu humor é contínua e baixa "do jeito que você é." Entretanto, a distimia pode ser tratada, mesmo se os seus sintomas foram ignorados ou sem tratamento por anos.

 

 

O CAMINHO DA RECUPERAÇÃO

 

Pedir ajuda e apoio


Até mesmo o pensamento de enfrentar a depressão pode parecer pesado. Sentir-se impotente e sem esperança é um sintoma ilusório criado pela situação de depressão. Não significa que a pessoa é fraca ou não pode melhorar as coisas. A chave para iniciar a recuperação da depressão é pedir ajuda. Ter apoio de pessoas próximas irá acelerar a recuperação.
 
Fazer alterações de estilo de vida saudável


Mudanças de estilo de vida nem sempre são fáceis de fazer, mas eles podem ter um grande impacto sobre a depressão. As mudanças de estilo de vida que pode ser muito eficaz incluem:

  • Cultivar relações de apoio

  • Fazer exercícios regulares e sono

  • Alimentação saudável para melhorar

  • Gerir o stress

  • Praticar técnicas de relaxamento

  • Desafiar os padrões de pensamento negativo

 

Desenvolver habilidades emocionais

Muitas pessoas tem dificuldades para gerir o stress e as emoções com equilíbrio. A construção de habilidades emocionais podem fornecer a capacidade de enfrentar e se recuperar das adversidades, traumas e perdas. Em outras palavras, aprender a reconhecer e expressar as emoções pode tornar a pessoa mais resistente.

 

Procurar ajuda profissional


Se o suporte da família e dos amigos, as mudanças de estilo de vida positivo e construção de habilidades emocionais não forem suficientes, procure ajuda de um profissional de saúde mental. Há muitos tratamentos eficazes para a depressão, incluindo a terapia, medicação e tratamentos alternativos. Aprender sobre suas opções ajuda a decidir quais as medidas têm mais probabilidade de funcionar melhor para cada situação particular.

 

Tratamento eficaz para a Depressão inclui diversas formas de terapia. A terapia fornece ferramentas para tratar a depressão de diversos angulos. Além disso, o entendimento e o conhecimento adquirido em terapia evita que a volte a ter depressão novamente.

 

Existem diversas linhas de terapia. Algumas linhas de terapia ensinam técnicas práticas de como lidar com os pensamentos negativos ou com os comportamentos gerados pela depressão. Outras vezes a terapia pode ir na raiz do problema, ajudar a entender o porque a pessoa sente-se de determinada maneira, quais os gatilhos da depressão e o que fazer para ficar bem.